Alfama
Vhils, cujo verdadeiro nome é Alexandre Farto, é hoje um dos grandes nomes da arte urbana, e um dos primeiros rostos que esculpiu em Lisboa encontra-se escondido na Travessa das Merceeiras, a poucos metros do Hotel Memmo Alfama.
Aqui Vhils prestou homenagem à fadista Amália Rodrigues, desta vez usando a tradicional calçada portuguesa. É uma obra de 2015, situada na Calçada do Menino Deus.
O ilustrador Nuno Saraiva criou este mural na Travessa da Mata, bem perto da Sé. Chama-se “Cavaleiros da Posta Real” e a inspiração veio dos cavalos de Etienne-Jules Marey, fotógrafo do século XIX e um dos pioneiros do cinema de animação. O objectivo é recriar o reboliço que se vivia à volta do vizinho Palácio do Correio-Velho.
Posídon, o deus do mar, foi pintado pelos artistas conhecidos por PichiAvo num edifício situado a poucos metros da estação de Santa Apolónia (no número 65 da Calçada de Santa Apolónia).
Este mural do artista Mário Belém celebra a vida. Foi criado em 2017, na comemoração dos 150 anos da abolição da pena de morte em Portugal. Pode ser visto na Calçada de Santa Apolónia, próximo da estação de comboios.
Bairro Alto
A Calçada da Glória e o Largo da Oliveirinha, por onde passa o Elevador da Glória, é a galeria de arte urbana oficial, com sete painéis concedidos pela Câmara Municipal. Foi inaugurada em 2008, e organiza exposições temáticas temporárias.
Murais com propaganda esquerdista cobriram as ruas de Lisboa durante a década de 1970, e este no Bairro Alto recorda esses dias. Encontra-se na Travessa dos Fiéis de Deus, e foi criado em 2009 pelos artistas António Alves e RIGO, obviamente influenciados pelos grandes murais maoístas.
Ao contrário do que costuma acontecer no Bairro Alto, estes murais têm conseguido manter-se nas paredes há já alguns anos. Encontram-se na Rua da Vinha desde 2012, enquanto na paralela Rua de São Boaventura está uma obra mais recente, da autoria de Binau.
Na Travessa dos Fiéis de Deus encontra-se esta obra do conhecido artista luxemburguês Sumo Doubledevil.
Esta curiosa sardinha no pão encontra-se na Rua Luz Soriano e foi criada pelo artista lisboeta Regg Salgado.
Esta “Pharmácia de Cultura” encontra-se na Rua do Norte.
Chiado
Esta obra do artista de origem brasileira Oliveiros Rodrigues da Silva Junior, cujo nome artístico é Utopia63, encontra-se na Calçada do Carmo. Ilustra a Lisboa de outros tempos, mais precisamente junto à Estação do Rossio.
Graça
Em 2014, um grupo de artistas decidiu homenagear algumas figuras da história da literatura nacional com ligações ao bairro da Graça. Assim, o rosto de Sophia de Mello Breyner, realizado pelo artista Eime, encontra-se na Rua Josefa de Óbidos, e Natália Correia e Florbela Espanca estão retratadas na Travessa do Monte, numa obra de Mariana Dias Coutinho. Ali bem perto ficam os miradouros da Graça e da Senhora do Monte.
João Maurício, cujo nome artístico é Violant, criou esta obra na Rua Natália Correia, muito fotografada por quem passa no eléctrico 28.
Também na Rua Natália Correia, esta obra de Shepard Fairey (artista americano conhecido pelo famoso poster "Hope" de Barack Obama) retrata uma mulher de arma em riste com uma flor no cano.
Shepard Fairey criou uma segunda obra no bairro, desta vez na Rua Senhora da Glória. Pintou metade de um rosto feminino, enquanto o português Vhils esculpiu a outra metade.
Entre o Mosteiro de São Vicente de Fora e o Miradouro da Graça, na Travessa de São Vicente, encontra-se este mural da autoria de Pariz One e Mr. Dheo. Recorda o 25 de Abril, mas aqui os revolucionários são conhecidas personagens animadas, chamando a atenção aos mais novos.
Esta obra colorida, da autoria de akaCorlone, encontra-se encondida ao fundo da Rua Damasceno Monteiro, mas não muito longe do Miradouro da Senhora do Monte.
Belém
Juntando pintura e escultura, Bordalo II utiliza pneus, pára-choques, peças de computadores e outras coisas encontradas no lixo para criar animais tridimensionais, provando que o lixo de uns é arte para outros. Este guaxinim encontra-se atrás do Centro Cultural de Belém.
Este mural virado para o rio junto ao Museu dos Coches, perto de onde partiram as naus dos Descobrimentos, representa os dez cantos de “Os Lusíadas” de Camões. Apoiado pela revista Visão no seu 20º aniversário, foi criado pela dupla ARM Collective, de MAR e RAM.
Algés
Esta imagem de uma menina com o braço esticado -- como que a dizer “pára!” -- e com a mão de um adulto a manipular os seus movimentos como um marionetista, alerta para os maus-tratos na infância e é da autoria do artista Nark. Foi criada em abril de 2017 e encontra-se na Praça D. Manuel I, junto à penúltima paragem do eléctrico 15.
Avenidas Novas
Vários artistas internacionais -- os brasileiros Os Gémeos, os italianos Blu e Eric Il Cane, e o espanhol Sam3 -- são os responsáveis por esta obra em três edifícios devolutos numa das avenidas mais movimentadas da cidade, a Avenida Fontes Pereira de Melo. É uma obra que foi considerada umas das 10 melhores do mundo pelo jornal britânico The Guardian.
Amoreiras
Este mural nas Amoreiras (Rua Conselheiro Fernando Sousa) é um dos mais antigos de Lisboa. Algumas obras são mais antigas que outras, e tem atraído das poucas artistas femininas da cidade.
Ao lado de um painel de azulejos de João Abel Manta, junto ao viaduto da Avenida Calouste Gulbenkian, bem perto do Aqueduto das Águas Livres, encontra-se mais um dos rostos de Vhils. Escavado em 2012 com brocas e martelos, tem vindo a ser vítima da poluição e do sol.
Alcântara
Na “fábrica criativa” que é a Lx Factory há sempre mais de uma dúzia de obras, de alguns dos nomes mais conceituados, como Bordalo II com a sua abelha gigante feita de peças encontradas no lixo.
Situado junto à Lx Factory, o espaço de coworking Village Underground é composto por vários contentores e autocarros antigos. O conjunto é agora uma obra de arte urbana da autoria de akaCorleone.
Vários artistas colaboraram nas várias obras que se encontram na passagem subterrânea de acesso à estação de comboios de Alcântara-Mar e às Docas de Santo Amaro. Algumas representam monumentos, outras vistas da cidade.
Na Avenida de Ceuta, em frente à estação Alcântara-Terra encontra-se esta obra de Bordalo II, que desta vez usou lixo para criar uma cena de peixes.
Intendente
Um dos edifícios no Largo do Intendente que ainda não foi reabilitado conta agora com uma obra de Tamara Alves, uma das artistas portuguesas mais conhecidas no mundo da arte urbana.
Esta obra impressionante cobre todo um edifício na Rua do Saco, bem perto do Intendente. É da autoria do artista Violant.
Mais um trabalho do artista brasileiro Utopia63, desta vez na Rua Antero de Quintal.
Mouraria
O antigo Mercado do Chão do Loureiro, situado entre a Baixa, a Mouraria e o castelo, é hoje um parque de estacionamento com vários pisos, cada um com obras de cinco dos mais conceituados criadores nacionais de arte urbana (Mar, Miguel Januário, Nomen, Paulo Arraiano e Ram). A entrada é livre, não precisa de estacionar o carro.
Subindo as Escadinhas de São Cristóvão, entre a Rua da Madalena e a Igreja de São Cristóvão na Mouraria, encontra-se um grande mural de um coletivo de artistas que retratou a tradição do Fado vadio.
Esta é uma obra do artista italiano Andrea Tarli, criada em julho de 2016. Encontra-se no Largo da Achada.
Avenida da Liberdade
Este mural pintado por Mr. Dheo e Mosaik encontra-se na Travessa de Santo Antão, junto à Avenida da Liberdade. É uma homenagem à fadista Amália Rodrigues, criada dez anos após a sua morte.
O artista português Odith presta homenagem ao poeta Fernando Pessoa no Miradouro do Torel, onde também se encontram (na saída para a Calçada do Moinho de Vento) mais duas obras de Pariz One e Argon.
Santos
A fachada de um armazém que ficou com o interior completamente destruído num incêndio foi o escolhido pelo artista Bordalo II para acrescentar mais uma imagem de um animal (desta vez uma raposa) criada com objetos achados no lixo. Pode ser vista na Avenida 24 de Julho, não muito longe do Mercado da Ribeira.
Uma escola abandonada na Rua das Gaivotas foi palco de uma exposião de arte urbana em 2008, e Vhils criou uma peça para a fachada. Hoje o edifício encontra-se reabilitado e é um polo cultural, mas o rosto esculpido por Vhils mantém-se no lugar.
Olhe para cima na Rua Presidente Arriaga em Santos, não muito longe do Museu Nacional de Arte Antiga, e encontrará esta obra de 2013 de Cyrcle, um duo de artistas americanos de Los Angeles (Davey Detail e David Torres).
Cais do Sodré
O antigos armazéns do Clube Naval de Lisboa, entre o rio e a linha do comboio na Rua da Cintra do Porto de Lisboa no Cais do Sodré, apresentam agora uma obra de Bicicleta Sem Freio, um grupo de artistas brasileiros.
Amadora
À saída da estação de metro Amadora-Este, encontram-se obras do artista Odeith, homenageando duas figuras do fado, a cantora Amália Rodrigues e o guitarrista Carlos Paredes, e ainda o ativista Zeca Afonso e o poeta Fernando Pessoa.
Marvila
Dentro e fora dos muros da Fábrica do Braço de Prata, junto a vários prédios abandonados, encontra-se sempre uma variedade de obras de arte urbana. Foi aqui que apareceram os primeiros rostos de Vhils, e ainda se vê um mural criado em 2014 durante o festival de animação Monstra.
O festival de arte urbana de Lisboa, que se realizou em maio de 2017, escolheu vários prédios na zona envolvente da biblioteca de Marvila (que se encontra virada para a estação de comboios) para a criação de várias pinturas de grande escala por artistas nacionais e estrangeiros. Esta é a que fica mesmo ao lado da biblioteca e é da autoria do espanhol Zecar Behamonte, que hoje vive no Uruguai.
No edifício em frente encontra-se uma obra do português God Mess, artista da cidade do Porto.
Seguindo em frente até à Rua Alberto José Pessoa, encontra-se esta obra realizada pela dupla Colectivo Licuado, do Uruguai, conhecida pelas suas pinturas semi-realistas.
Esta obra, que cobre a empena de um prédio de cinco andares, mostra o rosto do cacique Raoni da tribo Caiapó. É um trabalho do artista brasileiro Kobra, que diz querer chamar a atenção para a “proteção dos povos indígenas, das etnias e preservação da floresta amazónica”.
À direita da peça de Kobra fica esta do artista português Miguel Brum, que se inspira em tatuagens e na cultura do hip hop e punk.
À esquerda de Kobra fica uma peça da portuguesa Kruella d’Enfer, que cria universos de criaturas fantásticas, dando vida a lugares misteriosos e a lendas antigas.
No prédio ao lado fica uma obra do artista equatoriano Steep, que ilustra ambientes e criaturas místicas, influenciadas por rituais ancestrais e pela biodiversidade da selva amazónica.
Escondida num prédio em frente à obra de Steep, esta é da autoria do artista português The Caver.
Obras Desaparecidas
Obras que desapareceram porque os edifícios foram reabilitados ou demolidos, ou porque simplesmente foram pintadas por cima:
Esta obra de Vhils encontrava-se virada para a Rua de Cascais, bem perto das Docas de Santo Amaro, mas o edifício foi demolido.
Encontrava-se bem perto da obra de Vhils referida acima, virada para a Ponte 25 de Abril, na Avenida da Índia. Era uma obra de Raoul e Davide Perre, mais conhecidos por “How and Nosm”, dois gémeos alemães nascidos em Espanha e residentes em Nova Iorque.
Na Rua Rodrigues de Sampaio, mesmo ao virar da esquina da Avenida da Liberdade, encontrava-se este cavalo de dezoito metros, que sobia sete andares. Nasceu em 2011, e era a obra de arte urbana mais alta de Lisboa. Foi criada pelo artista espanhol Aryz, mas foi coberto por um novo edifício.
O artista lisboeta conhecido por Drawing Jesus foi responsável por este rosto que chamava a atenção a quem chegava ao Palácio de São Bento. O prédio construído ao lado acabou por ocultá-lo.
Este mural na Rua de São Bento foi encomendado pela KLM para comemorar 75 anos de voos regulares entre Lisboa e Amesterdão. AkaCorleone juntou-se ao artista holandês Hedof, criando esta mistura colorida das duas capitais.
Virada para o mural de AkaCorleone mencionado acima, esta obra de André da Loba foi realizada no âmbito dos “Dias do Desassossego” em novembro de 2016, iniciativa da Fundação José Saramago e da Casa Fernando Pessoa. De acordo com o artista, representava uma “tempestade emocional”.
Esta obra de Ayer, Nomen, Nark e Pariz encontrava-se no Campo das Cebolas perto da Casa dos Bicos e tinha sido inspirada em “José e Pilar”, o documentário sobre José Saramago. O prédio devoluto foi demolido para dar lugar a um parque de estacionamento.
Esta reinterpretação da Nossa Senhora com o filho nos braços foi criada em 2012 pelo artista francês C215, um dos maiores nomes da arte urbana a nível mundial. Era feita de palavras viradas ao contrário, mas desapareceu durante a reabilitação do prédio.
A ilustradora Maria Imaginário foi das primeiras artistas a dar vida a prédios devolutos em Lisboa, pintando gelados e outras guloseimas. Essas obras apareceram um pouco por toda a cidade, mas parece que nenhuma conseguiu resistir ao tempo.
As escadas que levam ao Miradouro do Torel já foram muito procuradas por artistas de arte urbana. Depois de vandalismo e graffiti ilegal se terem juntado a obras “oficiais”, foi tudo pintado de branco, e deixou de ser permitida qualquer intervenção artística.
Esta curiosa imagem do jogo Super Mario I da Nintendo encontrava-se na Rua Ivens no Chiado. Foi criada pela artista Maria Sasseti, que decidiu dar alguma cor a uma rua que tinha sido alvo de obras nos últimos tempos.
O artista português nascido na Alemanha, Paul Neberra, foi convidado a pintar a porta do Teatro do Bairro, na Rua Luz Soriano no Bairro Alto. Esta obra foi a primeira vez que utilizou spray, pois costuma usar acrílicos e óleo. O artista define o seu trabalho como uma mistura das culturas pop, gótica e surrealista, num estilo underground inspirado na “street art”.
Vhils juntou-se ao artista italiano Pixel Pancho e passou quatro dias a trabalhar nestas obras num edifício no Jardim do Tabaco, junto ao terminal de cruzeiros em Alfama. As obras misturavam os estilos dos dois artistas, com figuras robóticas que são a imagem de marca de Pixel Pancho, e rostos esculpidos por Vhils. Infelizmente o edifício foi demolido durante as obras do novo terminal de cruzeiros.
O primeiro rosto que Vhils escavou, ou melhor, esculpiu, numa parede em Lisboa foi este na Rua de Cascais. Trata-se do rosto do artista americano Brad Downey, seu amigo, que se encontrava entre várias outras obras de outros artistas, num muro que fazia parte da Galeria de Arte Urbana até ser demolido no verão de 2016.
Estas impressionantes obras feitas de lixo encontravam-se escondidas entre prédios abandonados na Avenida Marechal Gomes da Costa. Tratavam-se de um curioso “cão abandonado”, um gato gigante e um coelho, criados pelo artista Bordalo II.