Um Passeio pela Mouraria


Quando os cruzados conquistaram Lisboa em 1147, D. Afonso Henriques permitiu que os muçulmanos que quisessem continuar a viver na cidade ficassem confinados a um bairro fora das muralhas, e assim nasceu a Mouraria. Assim foi até 1497, quando todos os muçulmanos e judeus foram expulsos de Portugal. No entanto, cinco séculos mais tarde, a Mouraria voltou a ser o bairro mais multicultural de Lisboa. Cerca de um quinto da população é de origem asiática, sobretudo da China, Bangladesh, Índia e Paquistão, o que explica o grande número de restaurantes étnicos na zona. Pouco resta da Mouraria do século XII, mas o bairro mantém uma grande riqueza patrimonial. É também conhecido como o berço do fado, pois foi onde a mítica Maria Severa começou a levar a música do povo aos salões aristocratas no século XIX. Vários outros grandes nomes do fado, como Mariza e Fernando Maurício, também nasceram, cresceram ou cantaram no bairro. É um bairro que se degradou nas últimas décadas, mas a recuperação de edifícios tem atraído novos residentes e visitantes. Tem algumas das ruas e recantos mais pitorescos e autênticos da cidade, que pode ficar a conhecer neste percurso:



Rua do Regedor, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa

Comece na Rua do Regedor (1), junto à Rua da Madalena. Vai encontrar um portal manuelino (2), que dava acesso a um palácio onde se casou D. Leonor, filha do rei D. Duarte, com Frederico III da Alemanha, em 1452. Passando fachadas cobertas de azulejos (3), chega-se ao Largo de São Cristóvão (4), onde se encontra a Igreja de São Cristóvão (5) e se vê um mural realizado em 2012, dedicado ao fado, nas Escadinhas de São Cristóvão (6). Virando à direita na igreja, subindo as escadas do Beco de São Francisco (7), e seguindo pela esquerda (8), chega-se ao Largo da Achada (9), com um pequeno chafariz ao centro (10), e onde se vê uma obra de arte urbana do artista italiano Andrea Tarli (11). É aqui que também se encontra uma das casas mais antigas da cidade, com origem no século XVI e ainda com curiosas janelas ogivais (12).

Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa

Continue pela Rua da Achada (13), e siga pelas escadas do Beco das Flores, que descem até à Rua das Farinhas. Vire à direita, e a Rua das Farinhas (14) termina no Largo da Rosa (15). Daqui avista-se o castelo e encontra-se o Palácio da Rosa (16), do século XVII, colado à Igreja de São Lourenço. A Igreja não se encontra aberta ao público, e o palácio tem há já vários anos um projeto para transformar-se em hotel... Descendo as escadas em frente à igreja (17) e passando um edifício coberto de azulejos na Calçada de São Lourenço (18) chega-se à estreita Rua de São Lourenço, onde se deve virar à esquerda. Ao fim da rua chega-se ao calmo Largo dos Trigueiros (19), onde de manhã só se ouve a água do pequeno chafariz central. É aqui que se entra numa galeria ao ar livre, com vários retratos dos velhos moradores da Mouraria nas fachadas, um tributo da fotógrafa britânica Camilla Watson, que tem aqui o seu atelier. Veja alguns dos retratos no Beco das Farinhas (20) (21) (22), e regresse ao Largo dos Trigueiros, descendo depois as escadas (23) até à Rua do Arco do Marquês de Alegrete. Siga para a direita em direção à Praça Martim Moniz, onde se encontra a pequena Igreja de Nossa Senhora da Saúde (24). Uns poucos passos mais à frente encontra-se um portal manuelino (25), parte do antigo Colégio dos Meninos Órfãos, uma instituição de caridade de 1549. Encontra-se fechado, mas esconde um impressionante conjunto de painéis de azulejos setecentistas com passagens do Antigo e do Novo Testamento (26), que só é visto em raras visitas guiadas.

Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa

Um pouco mais à frente chega-se à Rua do Capelão, conhecida como “a rua do fado”, com uma guitarra portuguesa esculpida num bloco de mármore (27), homenageando a Mouraria como berço da canção de Lisboa. Seguindo pela Rua do Capelão, entra-se noutra galeria a céu aberto, desta vez expondo “Retratos do Fado”, celebrando as vozes que nasceram, cresceram ou cantaram na Mouraria, desde Maria Severa (28) a Amália Rodrigues e seus contemporâneos (29). É aqui que se encontra a Casa da Severa (30), casa onde nasceu e viveu a fadista Maria Severa Onofriana, recentemente recuperada e hoje palco de noites de fado. Segue-se o pitoresco Largo da Severa, centro do bairro que escapou ao terramoto de 1755.

Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa
Mouraria, Lisboa

Vire para o Beco do Jasmim (31), onde se chega a outro recanto pitoresco (32). Virando novamente à direita, chega-se à Rua João do Outeiro (33), onde se encontra um dos restaurantes mais tradicionais da cidade, o popular Zé da Mouraria, aberto apenas ao almoço. Mais à frente chega-se à Casa Fernando Maurício, um pequeno museu inaugurado em 2015, dedicado ao fadista Fernando Maurício, conhecido como o “Rei da Mouraria” e a segunda figura mais ligada ao bairro a seguir à Severa. Com apenas três salas, a casa celebra a vida do fadista através de objetos pessoais, prémios, fotografias e discos.

Mouraria, Lisboa
Chafariz do Intendente, Lisboa
Intendente, Lisboa
Largo do Intendente, Lisboa
Viúva Lamego, Intendente, Lisboa

Virando à esquerda (34) regressa-se à Rua da Mouraria, onde se deve virar à direita e depois à esquerda em direção à Praça Martim Moniz (35), e seguir pela movimentada Rua da Palma à direita. Aqui entra-se numa pequena “Chinatown”, e encontra-se um dos vários chafarizes monumentais da cidade, este construído em 1824 em estilo neoclássico, e coroado por uma esfera armilar (36). Quase em frente vê-se um dos mais belos edifícios da cidade, de 1908, hoje transformado em hotel (37). É um edifício que marca a entrada do Largo do Intendente (38), conhecido pela emblemática fachada coberta de azulejos (39). Ao lado fica a bela loja A Vida Portuguesa, cheia de produtos “made in Portugal”.