Guia do Azulejo em Lisboa


Enquanto no resto da Europa pintava-se em tela, muitos artistas em Portugal pintavam em azulejos. A rica cultura iconográfica da azulejaria portuguesa anda a par da grande pintura em tela, sendo os temas semelhantes (na sua maioria temas sagrados), mas também revelando influências das artes chinesa e indiana e da pintura flamenga.
A arte do azulejo teve origem na Pérsia e espalhou-se pelo mundo árabe e Peninsula Ibérica, mas foi em Portugal que realmente evoluiu. A azulejaria é a arte nacional, e em nenhuma outra parte do mundo alcançou uma qualidade tão excecional e uma maior variedade de aplicações. Com padrões geométricos ou imagens históricas, os azulejos decoram a maioria das ruas do país, desde as casas mais humildes aos palacetes.
Em Lisboa é possível admirar uma grande variedade de painéis nas ruas, sobretudo em Alfama, onde muitos param para observar uma variedade de estilos, desde o barroco à arte nova, em fachadas dos séculos XVIII e XIX.
Os azulejos também decoram a maioria das estações do Metro de Lisboa, que são verdadeiras galerias de azulejos contemporâneos. Alguns dos melhores exemplos encontram-se na Estação do Oriente, que inclui obras de artistas nacionais e estrangeiros.
Eis dez lugares onde pode admirar o melhor da azulejaria em Lisboa:



Museu do Azulejo

Rua da Madre de Deus, 4 (Xabregas)

Museu do Azulejo, Lisboa

Instalado num magnífico edifício do século XVI, este museu revela a produção e a arte do azulejo desde o século XV à atualidade. A preciosa coleção inclui várias obras primas portuguesas e estrangeiras, fazendo do museu uma instituição de referência nacional e internacional. A exposição permanente ilustra a longa história da azulejaria e as influências de várias culturas, desde a árabe à italo-flamenga, espanhola, holandesa e oriental.


Palácio Fronteira

Largo de São Domingos de Benfica, 1 (Benfica)

Palácio Fronteira, Lisboa

A maior parte do conjunto notabilíssimo de azulejos deste palácio foi colocada entre 1660 e 1670, estendendo-se pelo interior e pelo impressionante jardim. É uma das obras mais extraordinárias em azulejo do mundo, misturando obras portuguesas e holandesas junto a várias esculturas decorativas.


Mosteiro de São Vicente de Fora

Largo de São Vicente (Alfama)

Mosteiro de São Vicente de Fora, Lisboa

Este mosteiro possui o mais vasto conjunto de azulejos barrocos do mundo, incluindo uma curiosa série de 38 painéis que ilustram as fábulas de La Fontaine. Destaca-se ainda o painel representando D. Afonso Henriques na conquista de Lisboa.


Fábrica Sant'anna

Calçada da Boa Hora, 94B (Belém) / Rua Alecrim, 95 (Chiado)

Fábrica Sant'anna, Lisboa

É uma das principais fábricas do país (fundada em 1741) e pode ser visitada, permitindo observar os artesãos no processo da pintura manual. Tem também uma loja no Chiado, onde apresenta as suas (re)produções, que são exportadas para todo o mundo.


Fábrica Viúva Lamego

Largo do Intendente, 25 (Intendente)

Fábrica Viúva Lamego, Lisboa

A fábrica Viúva Lamego tem sido responsável por inúmeras obras de azulejos espalhadas por Lisboa e pelo país. O edifício no Largo do Intendente, onde se encontra a loja, é um dos mais curiosos da cidade, com uma fachada completamente coberta de azulejos coloridos.


Convento dos Cardaes

Rua de O Século, 123 (Príncipe Real)

Convento dos Cardaes, Lisboa

Este convento apresenta um conjunto importante de onze painéis figurativos de azulejos azuis e brancos de 1692. São da autoria do holandês Jan van Oort (que tinha uma das principais fábricas de azulejos em Amesterdão) e narram a história de Santa Teresa de Ávila, que era venerada neste convento. Outras obras (de produção nacional) encontram-se numa visita guiada pelo edifício.


Palácio Nacional de Sintra

Sintra

Palácio Nacional de Sintra, Lisboa

Este é um dos poucos palácios reais medievais do mundo que ainda sobrevivem, e possui a maior coleção de azulejos hispano-mouriscos (com origem em Sevilha) da Europa. Na Sala dos Brasões também se encontra uma importante coleção de azulejos barrocos, da autoria de um dos mais destacáveis pintores do século XVIII, conhecido por Mestre P.M.P.


Palácio Pimenta

Campo Grande, 245 (Avenidas Novas)

Palácio Pimenta, Lisboa

O Palácio Pimenta, casa nobre de meados do século XVIII, faz agora parte do Museu de Lisboa, e apresenta elementos decorativos da época, incluindo azulejos azuis e brancos. Muitos são originais do edifício, outros pertencem à coleção do museu, sendo a maioria dos periodos barroco e rococó. Destaca-se a antiga cozinha com figuras de pesca e de caça, com uma africana a amanhar peixe. Noutras salas e na escadaria nobre encontram-se azulejos policromos e uns curiosos painéis de chinoiserie.


Palácio Nacional de Queluz

Queluz

Palácio Nacional de Queluz, Lisboa

Este palácio é mais conhecido pelos seus belos jardins e pela arquitetura rococó, mas também possui uma obra notável em azulejos. Trata-se do Canal dos Azulejos de 1756, com paredes decoradas com painéis azuis e brancos.
No interior do palácio, o Corredor das Mangas é uma sala revestida a azulejos policromáticos neoclássicos, representando as estações do ano, os continentes e cenas da mitologia clássica.


As Lojas

Loja dos Descobrimentos - Rua dos Bacalhoeiros, 14B (Alfama)
Solar - Rua Dom Pedro V, 68-70 (Príncipe Real)
Dorey - Rua do Alecrim, 68 (Chiado)

Loja dos Descobrimentos, Lisboa

Não deixe de visitar as várias lojas de azulejos em Lisboa, onde se encontram peças originais e reproduções a vários preços. A Solar é um verdadeiro museu de azulejos antigos, enquanto a Loja dos Descobrimentos apresenta reproduções mais acessíveis. Na Dorey encontrará uma boa mistura de azulejos antigos e reproduções.